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26 de out. de 2012

Testemunho



Ontem (antes do apagão) estava olhando meu histórico universitário, observei que nos dois primeiros semestres eu "bombava" nas notas. Bateu uma saudade! Lembro-me que minha rotina era intensa: 04h40minh acordar para pedalar, 05h10minh academia, 07h30minh trabalho, 15h00minh inglês (duas vezes por semana), 14h00minh estágio em revista cientifica (três vezes por seman
a), 19h00minh Universidade e às 23h00minh finalmente chegava em casa cansada, mas realizada. 



Pouco a pouco, minha disposição foi mudando. Pedalar e malhar já não fazia mais parte da minha rotina, o inglês e o estágio tornaram-se planos futuros, e a graduação passou a ser desinteressante; ir a aula tornou-se sinônimo de obrigação, aquela menina questionadora, que entrava em todos os debates deu lugar a uma pessoa que tinha a carteira como travesseiro e, que só acordava na hora de ir embora.


As notas foram caindo, as faltas era constante, o desejo de desistir do curso, fui me distanciando dos colegas de turma. Coincidentemente mudei de emprego, o que se tornou uma desculpa a mais para meu desempenho tão fraco na vida acadêmica. Daí por diante tantos outros problemas começaram a aparecer, crises renais constantes, cálculos e mais cálculos nos rins, inchaço devido à retenção de liquido, respiração ofegante, dores de cabeças constantes e intermináveis, o período menstrual era uma tortura. Médicos aqui, outros acolá, exames, medicações e os cálculos renais eram sempre falta de água e má alimentação, e para todas as outras coisas era estafa. E lá ia eu tomar litros e litros de água, polivitaminicos e tantas outras receitas caseiras na tentativa de ficar bem e, voltar a ser a velha Poli de sempre, sem sucesso.


A depressão começou a tomar conta de mim, tinha a sensação que tinha “emburrado” e “embarangado”. Perguntava-me: Como pode eu ter lutado três anos consecutivos para ingressar na Universidade e estar assim, tão desinteressada? Não aceitava a ideia de que eu, que tinha sido aprovada em primeiro lugar estar desistindo. Sentia-me feia, estava cheia de acnes, pelos em excesso, os seios ainda maiores (mesmo depois de uma mamoplastia de redução), o abdome inchado; os cabelos, ah meus lindos cabelos (lágrimas)... tantas coisas, tantas coisas que canso só de lembrar.


Teimosa como sempre fui, não aceitei que eu tinha me tornado uma preguiçosa, acomodada e sedentária. Não aceitei que eu era uma pessoa depressiva, não! Conhecendo o Deus a quem amo e adoro, fiz prova Dele: “Se és Deus mostra teu poder em minha vida!”. Então, comecei a ir a tudo que era médico, quase todas as especialidades eu visitei, e sempre dizendo: “Senhor a minha parte estou fazendo, faz a Tua que é o impossível. Eu não sou essa pessoa derrotada!”.


Em setembro após ter sido socorrida em pleno trabalho devido uma crise renal, determinei que não iria mais estar de urgência em urgência. Saia de casa com faca nos dentes de tanta dor colocava um toragesic em baixo da língua e ia trabalhar e, de lá saia para fazer exames, tomar medicação na veia no hospital próximo, mas não aceitava mais ser a coitada. Até que numa dessas idas ao hospital, pedi a uma amiga para me encaixar numa clinica geral a quem eu muito estimava, e após uma longa consulta ela me disse: Você está com um micro adenoma hipofisário. Hã!? Como assim Dra? A senhora nem me pediu exames hormonais. “Estou lhe pedindo todos os exames, mas te digo com toda a certeza que seu diagnóstico é esse”. 


Minha ficha não caia, eu apesar de ter trabalhando por três anos numa residência médica de neurocirurgia, secretariando o mais importante neurocirurgião do estado, não podia crer que eu estava com aquele problema, por mais que eu soubesse que se tratava de uma doença benigna, de fácil controle e com índice de sucesso quase que total no tratamento medicamentoso, eu não parava de pensar que, eu tinha um tumor na cabeça. Fiz a ressonância magnética, e no meio tempo entre a entrega do resultado fui submetida a um procedimento cirúrgico para retirada de um cálculo preso no ureter (nem te conto as dores). O resultado saiu, e lá estava: Macro adenoma hipofisário. Engraçado, eu já não estava mais preocupada, mesmo tendo sido considerado um tumor grande, eu não estava mais preocupada. Afinal das contas, agora eu sabia contra o que lutar; um alívio tomou conta de mim, eu só pensava: Não sou uma preguiçosa acomodada. 


Fui ao neurocirurgião, ginecologista, endocrinologista, ao oftalmologista e em tudo tenho visto a glória de Deus em minha vida. Vejo a mão de Deus no formato do tumor que não esta comprimindo o nervo óptico; vejo a mão de Deus no acesso a medicação que é fornecida pelo governo, pra se ter uma ideia algumas pessoas aguardam meses para conseguir, e eu sai de lá com a medicação nas mãos, lembrem-se sempre: gentileza gera gentileza, humildade acima de tudo; vejo a mão de Deus nas minhas férias que foram adiantadas em quatro meses para que não fosse necessário beneficio; vejo a mão de Deus no projeto que mesmo doente apresentei a minha coordenadora, que já foi implantado e está sendo um sucesso; vejo a mão de Deus na minha recuperação que está sendo rápida: seios e abdome desinchando, vitalidade, ânimo, disposição, nada de dor de cabeça, nada de crises renais. Êee! Minhas unhas estão grandes (rsrs).


Vejo a mão de Deus em cada amigo: as meninas do trabalho que seguravam as pontas durante meus atestados, que me ligavam pra estimar melhoraras, em especial: Clécia, Liliane, Tâmara, Nivia e Viviane Nogueira; a minha coordenadora Karla que compreendeu minha situação e me apoio; a minha vaquinha Elaine que me “pertubava” até meia noite (te amo), que esteve comigo no dia da cirurgia; minha Kikinha que me ajudou com a medicação, que me mandava SMS quase que diariamente; Áurea que me encaixava nas consultas sempre que eu precisava; Dr. Arnon que mesmo de férias preencheu uma série de papeladas para eu receber minha medicação; Ana que abriu as portas da Farmex para mim; Carlotinha por me apoiar e me ouvir; Leonardo que teclava comigo todas as noites e me enchia de ânimo; Leandro por... Ah Lé, você sabe (tímida).


Sou grata a Deus por misericordiosamente estar agindo em minha vida, por me amar apesar dos meus muitos pecados, por ter me dado uma mãe extraordinariamente maravilhosa, minha veia, amorzinho da minha vida. Grata a Deus pela cura, pois, eu creio que o tumor macro tornou-se nada. 


E aqui estou cheia de disposição, vivendo um lindo amor (segredo), ansiosa para retornar as atividades físicas (a extração de dois terceiros molares me impede por enquanto), ansiosa para voltar ao trabalho e iniciar o próximo semestre na Universidade e me tornar a Relações Públicas de sucesso. E o mais importante, adorando a Deus por toda a minha caminhada. 

Certa vez ouvi: "QUER SABER QUEM SÃO SEU AMIGOS, FAÇA UMA FESTA. QUER SABER QUE SÃO SEUS MELHORES AMIGOS, ADOEÇA!"


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